Magestade
Passa um rei---é o Poeta.
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta
De imaginar.
O ceptro, a pena a lançadeira cega
Do tear de versos.
O manto, a pele--arminho onde se pega
A lama dos caminhos mais diversos.
Um grande soberano
No triste destino
De ser um monstro humano
Por direito divino
Miguel Torga, Coimbra 1948